terça-feira, 20 de outubro de 2009

Consequências da leitura



Nas palavras do autor as consequências da leitura:

A leitura é mais que somente uma experiência agradável, interessante e informativa. Tem conseqüências, algumas das quais são conseqüências típicas de qualquer tipo de experiência que possamos ter. Outras, são unicamente particulares à leitura.
As conseqüências gerais da experiência são um aumento da memória e conhecimento específico. Não encontrei quaisquer estudos sobre o quanto os indivíduos normalmente recordam daquilo que leram (fora de uma situação experimental artificial, que observa o quanto pode ser recordado de itens determinados pelo pesquisador). Mas a observação comum sugere que os indivíduos lembram-se tanto, acerca dos livros que consideram interessantes e agradáveis, quanto o fazem acerca das experiências da “vida real”, nas quais estão envolvidos. Muitos relatos indicam memórias espantosas por parte de leitores para a aparência, títulos, autores, personagens, ambientes, tramas e ilustrações de livros que lhes foram importantes, freqüentemente desde a infância. Com os livros, como com todos os outros tipos de experiência, recordamos o que compreendemos que e o nos é significativo.
Também existem conseqüências específicas. A experiência sempre resulta em aprendizado. A experiência na leitura leva a mais conhecimento sobre a própria leitura. Não é surpreendente, portanto, que estudantes que lêem muito tendam a ler melhor (Anderson, Hiebert, Scott & Wilkinson, 1985). Não precisam ler melhor a fim de lerem muito, mas, quanto mais lêem, mais aprendem sobre leitura. Os mesmos pesquisadores relataram que os estudantes que lêem mais tendiam a apresentar vocabulários maiores, melhores “habilidades de compreensão”, e em geral desempenhavam melhor em uma gama de assuntos acadêmicos. Em outras palavras, a leitura torna as pessoas mais espertas.
Outras coisas são aprendidas através da leitura. Já argumentei bastante (Smith, 1983b) que é somente através da leitura que qualquer pessoa pode aprender a escrever. A única maneira possível de aprender todas as convenções de ortografia, pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, parágrafos e até mesmo gramática e estilo, é através da leitura. Os autores ensinam como escrever aos leitores.
(...)
E finalmente, existem as concomitâncias emocionais e conseqüências de leitura. A leitura, como tudo o mais, envolve, inevitavelmente, as emoções. No lado positivo, a leitura pode estimular e aliviar a curiosidade, proporcionar consolo, encorajar, fazer surgir paixões, aliviar a solidão, o tédio a ansiedade, servir de paliativo à tristeza, e, ocasionalmente, como anestesia. Pelo lado negativo, a leitura pode ser um aborrecimento, confusa, gerando ressentimento.
Frank Smith. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender e ler. Porto Alegre: Artes Médicas. 1989. (p. 211 a 212)

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