sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eleições e exercícios de leitura




Lendo o blog "Lemos idéias" deparei-me com uma questão que me incomodou nesta semana.
Eu nunca gostei de política porque sempre associei a um universo de arranjos e mentiras. Mas sempre há uma vozinha dentro da gente a nos cobrar que sejamos mais politizados.

O grande problema do brasileiro quanto à escolha de seus políticos é sempre o mesmo: memória curta, que faz com que o eleitor vote no corrupto. Para fazer com que a memória do eleitor seja como a de um elefante, criaram o site http:// http://www.eulembro.com.br/ que certamente irei consultar. Existem movimentos que vêm tentando cercear a corrupção, como o Ficha Limpa. Enfim, começaram a criar mecanismos de defesa.

Nosso objetivo para o aluno na escola, é que após 8 anos na escola, ele atinja a competência comunicativa, ou seja, saiba ler e escrever de acordo com as diferentes interações sociais. O grande problema é que a leitura é ainda um desafio. Para discutir como podemos ser facilmente enganados ou manipulados se formos leitores distraídos ou incompetentes reproduzo o texto do blog "Lemos idéias"

Comparando o Currículo de Dilma e Serra: a ignorância política do brasileiro

By Marcos Lemos (@hordones) posted in Política on abril 20, 2010
Nesse tempo de eleições é que percebemos como os políticos tendem a nos tratar como ignorantes. Pior ainda são aqueles que se deixam manipular, não questionam as informações recebidas e ainda as repassam como uma verdade a ser defendida. O e-mail do momento é uma série de imagens comparando o "currículo", o suposto histórico de vida dos candidatos à presidência de 2010, onde dou destaque ao que é falado sobre José Serra (PSDB) e Dilma (PT).
Não precisa ser nenhum gênio para perceber a tendência em defender a candidatura do Serra e denegrir a imagem da Dilma. Antes que alguém diga que estou "lulista", "petista" ou "esquerdista": estou defendendo o bom-senso e a inteligência. Minha preocupação é com nossa capacidade de perceber quando estão querendo manipular nosso entendimento da realidade.
Vamos a um exemplo do quadro ao lado: A primeira comparação é a origem "humilde" de Serra e a origem "burguesa" da Dilma. Realmente o Serra parece ter tido um passado mais sofrido e pobre (classe média), mas se isso é elogio agora, por que não foi quanto à origem pobre e miserável do Lula?. Se usarmos a mesma comparação como qualificador de um candidato, a Marina Silva (PV), se destaca muito mais e sua origem realmente humilde e sofrida é bem mais parecida com a da maioria dos brasileiros.
Infelizmente esse é o modelo de debate político no Brasil. Debatemos não projetos e ideais, nem comparamos idéias, planos para o futuro ou realizações a longo prazo. Nem precisa ser uma conversa de boteco para ouvirmos as mesmas bestas comparações desse quadro. Esse mesmo modelo está diluído nos jornais e revistas e vamos bebendo dessas doses homeopáticas de ignorância e manipulação.

Fiquei feliz em encontrar este raciocínio porque, questões políticas à parte, é um verdadeiro exercício de leitura. Quando procurei o gráfico original, vi que era apenas uma lista com a titulação de cada candidato. Mas o que eu recebi foi o gráfico manipulado, no qual havia: títulos acadêmicos para Serra, mãos em sinal negativo para o que a Dilma não tinha (em comparação a Serra), e sinais de ok (risco verde) naquilo tudo que Marina também não cursou em relação ao Serra.

E depois fiz o exercício de tirar a foto de cada um para mostrar o problema de leitura que geraram com a adulteração do gráfico original. Faça você a comparação entre o original, o adulterado e o editado por mim.

Dessa forma, o gráfico fica dúbio. Eu recebi o tal e-mail e acho que jamais receberei qualquer coisa do mesmo remetente porque respondi a todos com questionamentos parecidos ao feito por Marcos Lemos, como se pode ler na imagem anexa. Depois de ter respondido, pensei, por que fiz isso? Mas, logo me permiti uma auto-absolvição, ao constatar que ''se a pessoa tem direito de me mandar isso, eu também tenho direito de resposta".

O bom, para mim, foi ver que mais gente analisou da mesma forma a mensagem e pude tirar um pouquinho daquela dúvida quanto a ser mais ou menos politizada. Nesse sentido, a leitura de blogs, nos faz encontrar pessoas que pensam o mesmo ou que também estão atentas às maquiagens (máscaras?) políticas. Pela situação exposta, concluímos que questionar, duvidar, ler e reler são as nossas principais armas como eleitores.






quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Releituras de vampiros e bullying - a propósito dos escritores milionários

Acabei de ler a reportagem Os 10 escritores mais bem pagos do mundo (http://portalexame.abril.com.br/carreira/noticias/10-escritores-mais-bem-pagos-mundo-590709.html) e me deu vontade de dar pitaco.

Se o texto aponta para um apaziguar do fervor Harry Porter, tão somente 10 milhões de dólares, enquanto, no auge, a autora chegou a receber 300 milhões em 2007... A autora da série Crepúsculo continua muito bem como a segunda escritora que mais aumentou os seus rendimentos dentre junho de 2009 a junho de 2010. Stephanie Meyer recebeu 40 milhões de dólares com suas obras. Mamãe do céu! Tem gente que pode se dar ao luxo de viver do que escreve!!! :D

Quando eu pensei em assistir ao primeiro filme da série Crespúsculo (eu nem sabia do que se tratava, mas via o alvoroço), me disseram "ah, você não vai gostar... é sobre um romance entre vampiros... é pra adolescente". Esta frase foi arrebatadora, uma vez que tenho idade de dois adolescentes juntos e a rabujice de dois velhinhos também.
Tá, mas hoje em dia, mesmo não assistindo a um filme, uma novela, um BBB, você acaba sabendo dessas histórias porque o homem, sendo desde sempre um narrador, vem e compartilha o que experimenta. #fato.

Dias desses, morri de rir com o link do mocinho do vídeo: Felipe Neto, cheio de seguidores no twitter. Na minha opinião, ele grita um pouco demais (porque usa o recurso em vários vídeos), mas eu tive que aplaudir o raciocínio dele (e neste vídeo aplaudi cada reação nervosa).

É muito engraçado porque ele faz a leitura crítica que todos queremos que nossos alunos façam. Lobisomem sem pelo? Vampiro que deixa sua amada nos braços do concorrente? Ou seja, ele aponta vários trechos do enredo que seriam o que chamamos de ''incoerência''. Mas é justamente aí que o fantástico acontece, a autora dá uma repaginada nos personagens, há tanto tempo conhecidos... faz um vampiro brilhar à luz do sol. (Puxa, agora fiquei curiosa, rsrs).

Depois dela, veio mais uma leva de coisas de vampiro porque o tema está na moda.
Mas eu creio que não vou ler nenhum porque, ironicamente, prefiro as histórias de mula sem cabeça, boi tatá, mulher de branco do banheiro da escola, histórias que depois de contadas me faziam ficar um tempo acendendo o dobro de luz para fazer os mesmos caminhos dentro de casa.

Os livros estão aí. Têm para todos os gostos. Agradam inclusive esses em que a vampirada tem o enredo que se passa na escola... parece uma Malhação com vampiro gato, lobisomem competidor, mocinha deslocada, e o professor (é vampiro? não sei) só sei que é, com certeza, o mala, o objeto de convergência das frustrações adolescentes. E tem dentes de alho nessa história? Ou eles têm hálito refrescante de balinha Fregells? (Lembra?). Agora, até vi um vampiro comprando balinha pra dar o papelzinho de ''tô de olho em você" para a mocinha. rsrs. Sei lá, tanta coisa diferente...

Falemos do terceiro colocado da lista: Stephen King, com rendimentos de 34 milhões de dólares em um ano. Tenho alguns livros dele aqui, todos na lista de espera porque sempre gostei mais dos nossos Machados, etc, enfim, lembro do filme "Carrie, a estranha", baseado no livro "Carrie", do King. Eu tinha uns 6/7 anos de idade...

Esse era o enredo de "Carrie, a estranha": "Carrie White é uma jovem que não faz amigos em virtude de morar em quase total isolamento com sua mãe, uma pregadora religiosa fanática. A garota é menosprezada pelas colegas e Sue Snell, uma das alunas que zombam dela, fica arrependida e pede a seu namorado que convide Carrie para um baile no colégio. Mas Chris Hargenson, uma aluna que foi proibida de ir à festa, prepara uma armadilha para ridicularizar Carrie em público. O que ninguém imagina é que a jovem possui poderes paranormais e muito menos conhece sua capacidade de vingança quando está repleta de ódio". (Wiki, para os íntimos).

Lembro de cada cena desse filme. Se pararmos para pensar, é o mesmo enredo de garota deslocada que a Meyer re-aproveitou. Ah, mas Carrie, a estranha não causou essa euforia nos jovens da época (embora o filme seja premiado) porque Carrie era de dar medo. E a cena final me fez pular do sofá e ter a minha primeira noite não-dormida por conta de um filme. Depois disso, assisti a pouquíssimos filmes de terror. Já a continuação de Carrie..., que fiasquinho, acho que ninguém lembra. Quando a personagem principal era irritada por alguém, num tipo de bullying, ela ficava com todas as veias do corpo saltadas. Que medo!!! Aquele medo no estilo de ''Pânico" e "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". rsrs.

Mas é isso, cada livro tem seu público de acordo com a idade, ou maturidade.
Hoje, a coisa tende para vampiros charmosos, lobinhos sedutores, uma Malhação toda montada na vampiragem.

Eu comprei Crepúsculo em inglês, mas isso é um outro post.
*Claro que quem gosta tem suas razões. Aqui a questão é analisar, gostar é outra história.

Confiram:
http://www.perolasdoyoutube.com.br/felipe-neto/felipe-neto-nao-faz-sentido-crepusculo/
** Claro também que professores dispensam tantos palavrões na análise.