quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os Domingos Precisam de Feriados

Recebi este texto, em power point, de uma amiga. Gostei muito da mensagem e ela disse que se identificou bastante com o texto.
Eu me impressiono, sem falso saudosismo em relação às épocas passadas, puxa! como estamos vivendo mal. Corremos tanto, atrás de quê?

Vejam que reflexão muito acertada do Rabino Nilton Bonder.

Os Domingos Precisam de Feriados

Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.


Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.


Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.


Hoje, o tempo de ‘pausa’ é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações ‘para não nos ocuparmos’. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.

O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.


Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado…

Nossos namorados querem ‘ficar’, trocando o ‘ser’ pelo ‘estar’. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI – um dia seremos nossos?


Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos…

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair – literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é ‘o que vamos fazer hoje?’ – já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.


Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande ‘radical livre’ que envelhece nossa alegria – o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Rabino Nilton Bonder

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Rotina docente e tempo para reflexão - Informativo da UEM

Trago hoje no blog a reprodução do texto publicado no Informativo da UEM. Gostei muito da reflexão trazida pelo colega.

Informativo da UEM - ANO XX - nº 936 1º a 7/12/2010

Rotina docente e tempo para reflexão
Washington Luiz Felix Santos *

Nas últimas décadas, assistimos uma transição da universidade de organização institucional para organização instrumental, ou de instituição social para organização social. Uma transformação que nos limita a um conjunto de meios administrativos para alcançarmos objetivos específicos, pautada nas ideias de eficácia e sucesso e regida pelos conceitos de gestão, planejamento, previsão, controle e êxito. Desta forma a universidade, aos poucos, vai perdendo seu caráter de organização que incorpora valores importantes para a sociedade, que se molda conforme a pressão dos seus membros e do ambiente, levando em consideração preocupações que vão além de lucros ou resultados, como a sua sobrevivência, perenidade e universalidade. Tendo os sucessivos governos avançado nessas reformas, testemunhamos uma série de transformações da universidade brasileira, não sabendo ao certo para onde caminhamos.

“A cultura do PLUS, associada à falta de condições adequadas de trabalho para manter o nível de produtividade exigido está destruindo a saúde da coletividade docente”

A universidade pública perde espaço para o setor privado, que atualmente oferece 80% das vagas do ensino superior, favorecido por políticas que transferem recursos para o setor privado em detrimento dos investimentos no setor público. Por outro lado, na universidade pública avança a atuação das fundações de apoio ao ensino superior, organizações do tipo empresarial que provocam distorções no caráter público da universidade pública, seja pela oferta de cursos pagos, seja pela remuneração extra por meio de bolsas pagas à dirigentes de fundações ou participantes de projetos.

Outra característica da moderna universidade pública é a desvalorização do docente e a atual configuração do salário. Atualmente, diz-se que o salário dos docentes está constituído da seguinte forma: Salário básico baixo + PLUS, onde o importante é defender o PLUS, seja função gratificada, cargo comissionado, bolsa produtividade, bolsa em projeto de extensão, ensino à distância, participação em especialização lato-sensu, PDE, Parfor etc.

Neste ambiente, valoriza-se a competição e o individualismo em detrimento da solidariedade. Os professores lutam pelo PLUS para garantir uma remuneração minimamente satisfatória e ao mesmo tempo adoecem em exaustivas jornadas de trabalho sem as condições adequadas.

Mais um aspecto desta transformação da universidade pública são os mecanismos de avaliação do trabalho docente. Na UEM, a avaliação para a progressão na carreira – resolução nº 61/2003/CEP – é baseada em critérios produtivistas e prioriza as atividades vinculadas à pós-graduação stricto-sensu, seguindo a mesma lógica dos órgãos que financiam a pesquisa. Acreditamos que a resolução para a progressão na carreira deve estar vinculada às atribuições previstas para o cargo, de acordo com a legislação pertinente. Além disso, deve manter uma ponderação equilibrada entre atividades de ensino, pesquisa e extensão e respeitar as diversidades das áreas.

Enfim, muitas são as transformações da universidade pública no Brasil. No entanto, gostaríamos de chamar a atenção para uma delas. Como está o tempo do docente em relação a uma das atividades mais nobres da academia: a reflexão?

Na Constituição Federal, na LDB, no Estatuto da UEM, nas diretrizes de ensino de graduação ou em discursos de dirigentes do ensino superior é comum exaltar-se a importância da reflexão na formação dos nossos alunos e na prática da docência. Sabe-se que no ensino fundamental e médio, bem como nas universidades particulares, esse tempo tem sido extremamente prejudicado pela excessiva carga horária de aulas. E na UEM, como está atualmente a rotina dos docentes? Arrisco-me a dizer que a cultura do PLUS, associada à falta de condições adequadas de trabalho para manter o nível de produtividade exigido está destruindo a saúde da coletividade docente, roubando nosso tempo para reflexão e ao mesmo tempo, transformando a nossa instituição na universidade dos que muito produzem, mas que corre o risco de, no médio prazo, transformar-se também na universidade dos que não pensam, não transformam, não questionam a realidade, não se posicionam quando seus direitos são suprimidos e na qual os docentes não conseguem dar aos alunos uma formação para além da formação profissional, contribuindo efetivamente para a formação de cidadãos éticos, reflexivos e autônomos.

Professor do Departamento de Engenharia Têxtil
Graduação em Engenharia Química pela UEM
Doutorado em Química pela UEM
Presidente do Sesduem (Seção Sindical dos Docentes da UEM)

domingo, 5 de dezembro de 2010

#songsformysunday > Love & communication, Cat Power

Love and communication you were here for me
At this very moment cuz I found you on the phone
You called me
And you were not hunting me

Learning more and more about less and less and less
On the edge of your seat in some dark movie
Can you memorize the scenes
They'll be different next week
Can you tell me can you tell can you tell
If there is something better
Cuz you know there always is
There always is

Drawn to the party like a spider filling up your guts
Don't hate the night with what you shouldn't have
Come along for the ride you just know you should
You just know you should
Can you tell me can you tell can you tell
If there is something better
Cuz you know there always is
There always is

Hated to see you sad when I left
There's just no good in that but the good part was
That I came at all cuz I don't venture out
Into the lives of the new

I want you to come along for the ride
How long will you stay for your whole life
You just know you should
Can you tell me can you tell can you tell
If there is something better
Cuz you know there always is
There always is

Love and communication you were here for me
At this very moment cuz I found you on the phone
You called me
And you were not hunting me