sábado, 2 de julho de 2011

Textos que discutem linguagem

Gosto dos textos que discutem linguagem. Neste, João Ubaldo Ribeiro discute algumas expressões que escuta, em comparação com aquelas que não escutamos mais. De ouvido apurado, ele faz estes flagras e nós podemos constatar (ao apurarmos nossos ouvidos) que é verdade.

Espero que curtam.

Abç e bom fim de semana

Tânia 

***

O caderninho rabugento, JOÃO UBALDO RIBEIRO

O sujeito vai ficando velho e vai se transmutando num reacionário cada vez mais enfezado, de maus bofes e convívio desagradável. Triste fado de que alguns afortunados escapam, mas em que a maioria, suspeito eu, acaba caindo, pouco disfarçando a antiguíssima e cruel verdade de que o verdadeiro mal da nova geração é que não pertencemos mais a ela. É o que penso aqui, olhando este caderninho, onde faço anotações que se assemelham um pouco às mensagens do Missão Impossível.


Não se autodestroem, mas quase todas se tornam indecifráveis uns dez minutos depois de escritas. A exceção, agora descubro, são as rabugentas.
Num ato falho embaraçoso, as notas rabugentas estão grafadas com clareza, geralmente em letra de forma. Não dá para disfarçar a preferência do autor.
É mesmo atanazar o juízo do semelhante com reclamações, queixas e comentários azedos a qualquer pretexto, ou mesmo sem pretexto.
Não, sem pretexto também não. Os pretextos abundam, feliz ou infelizmente.


Como se soubesse em que estou me ocupando agora e quisesse me provocar, a repórter do noticiário de televisão a que no momento assisto diz que não sei o que lá acontece "peluma razão muito simples" . Essa — como direi? — preposição não foi criada por ela, porque já a ouvi antes e a ouço com cada vez maior frequência. Dizem que os neologismos surgem espontaneamente, assim que há necessidade. Devemos, por conseguinte, ter necessidade, pelum desses volteios do destino, de usar uma preposição variável, haverá de ser mais um passo para a nossa crescente integração no concerto das nações desenvolvidas. Pelum, peluma, peluns, pelumas — estou começando até a gostar, pode ser que dê mais expressividade à língua.


Escuto agora um senhor afirmando que o presidente de uma comissão do Congresso não vai tomar nenhuma medida concreta (as abstratas, tudo bem) no momento, porque prefere aguardar maior unanimidade entre os membros da dita comissão. Mal tenho tempo para me indagar como é que a unanimidade pode ficar maior ou menor, quando se passa a uma entrevista, acho que com um membro da mencionada comissão, na qual ele afirma que "a comissão, ela não tem como objetivo" etc.


Aí se trata do famoso sujeito duplo, que se estabeleceu de vez entre nós e daqui a pouco vão dizer que quem não fala assim está falando errado. Por alguma razão não explicada, de uns anos para cá vem se tornando cada vez mais raro ouvir alguém usar a terceira pessoa de qualquer verbo sem dobrar o sujeito.


Se fosse numa língua sem flexões verbais, até que dava para entender, mas a nossa é muito bem servida delas. Não adianta resistir, só se fala assim.


Despeço-me do televisor, não sem antes ouvir outro repórter dizer que uma inauguração ocorreu "há exatos vinte anos". Fico imaginando vinte anos rigorosamente exatos, cada ano mais exato que outro, não admitindo nem ano bissexto. Outra vez inovamos e, agora que penso mais detidamente no assunto, parece que o Brasil vai de fato distinguir-se por tornar variáveis as categorias invariáveis. Não ficamos nas preposições, fomos igualmente aos advérbios. As conjunções e interjeições variáveis não devem tardar, se é que não estão já por aí. Talvez não, porque devem andar ocupadas com a movimentação a que têm sido sujeitas nos últimos tempos, a ponto de eu acreditar que algumas delas ficaram estressadas, como não pode deixar de ser no caso do divórcio rumoroso entre "daqui" e "de", bem como no contubérnio de "acontecer" com "de". Ah, não souberam? Pois é o que lhes digo — e já está tudo escancarado para qualquer um ver. Ninguém mais fala "daqui a dois dias", só fala "daqui dois dias". Outro dia ouvi alguém dizer "pra mim fazer daqui dois dias" e fiquei pensando no inglês dos apaches dos filmes de caubói antigos. Quanto ao caso de "acontecer" com "de", já descarou há muito tempo e também logo deve tornar-se moda. O primeiro pode e devia prescindir da segunda, mas, sabem como são essas coisas, pintou um clima e aí ficou essa sem-vergonhice.


Não acontece mais ninguém passar sem a preposição. Aconteceu de eu estar escrevendo, aconteceu de ela ver e assim por diante.


Creio também que já chegou a hora de preparar o necrológio de "cujo", esse desconhecido. Há alguns marginais que ainda recorrem a ele, mas estão cada vez mais minoritários e acredito que dentro em breve quem usá-lo vai ser vaiado ou denunciado como elitista ou perguntado como vão as coisas na Ucrânia. Já está ficando estranho alguém, na conversa comum, dizer "a moça cujo pai eu vi ontem". O certo vai acabar sendo "a moça que eu vi o pai ontem". Tenho certeza de que isso se aproxima do léxico e da sintaxe dos chimpanzés, mas não disponho de provas e não quero melindrar os chimpanzés.


E, finalmente, porque o espaço está acabando e chega de rabugice num domingo só, merece pelo menos menção honrosa o fato de que dizer "este ano", "esta semana" está ficando a cada dia mais incomum. Agora, sabe Deus por que artes da burrice e da ignorância, só se diz "neste ano" e "nesta semana". Daqui a pouco, vai se dizer "neste hoje eu ainda te falo" ou "isto foi nesta ontem".


Mas não liguem, é tudo caturrice mesmo, a língua é viva e muda o tempo todo. Se as línguas não mudassem, estaríamos falando latim e, portanto, não há nada de preocupante nesses e em outros exemplos que me recheiam cá o caderninho. Mas, como esta coluna não é interativa e vocês não podem senão lê-la (aliás, podem mais, mas prefiro não ser informado do quê), fico com a última palavra. Já que mencionei o latim, menciono os romanos, que sabiam das coisas e diziam "ubicumque lingua romana, ibi Roma" — onde quer que esteja a língua romana, aí estará Roma. Fico meio assim, porque isto, aplicado a nós, significa que estamos na cucuia.

Fonte: O GLOBO e GAZETA DO POVO, maio de 2009.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tradução do português falado em Portugal

Este texto circula na internet há algum tempo. Já o recebi por e-mail e já o vi em vários lugares. 
Vale a pena checar as diferenças semântico-lexicais entre o português brasileiro e o português europeu. 
Não sei a autoria, a fonte, nada. Se alguém souber... me avise.
Grande abraço
Tânia


Ainda no aeroporto, pediram uma água fresca lisa (gelada e sem gás), pois tinham comido no avião uma punheta (bacalhau cru desfiado, servido como tira-gosto).
Após a água, nosso amigo tomou uma bica (cafezinho).
Foi ao salva-vidas (sanitário) e disse-nos que o autoclismo (descarga) funcionou com dificuldade.
Na rua, viu os almeidas (garis) recolhendo monstros (entulhos).
Perguntou-nos como estava nosso puto (adolescente) e se as canalhas (várias crianças) de meus irmãos estavam bem.
Se a SIDA (AIDS) estava sendo contida nas campanhas com o uso do durex (camisinha, pois a fita durex lá se chama fita-cola).
Desejou passar numa drogaria e ao chegar queria comprar alfinetes e pregadeiras (broxes em Portugal significa sexo oral realizado pela mulher no homem).
Na farmácia compraram também um penso (curativo), porque algo sentia no pé e, porque a mulher estava com história (menstruada), um penso higiênico (absorvente íntimo), pois já estava sujando a cueca - ou cuequinha (calcinha de mulher).
Aproveitou e adquiriu um adesivo (esparadrapo) para proteger o pé do sapato que estava apertando.
No bar perguntou se havia muito paneleiro (homossexual, "bicha") que não honrava a pila (pênis) e fufa (lésbica) com cara de gajo (rapaz).
Tomou algumas cervejas de pressão (chopinhos) e pagou a conta ao empregado de mesa (garçom).
Pela manhã, na praia, admirou-se com a pronta ação do banheiro (salva-vida) ao retirar do mar uma rapariga (moça) que se afogava.
Ficou impressionado com passageiros que viajavam dependurados no autocarro (ônibus).
Achou um giro (legal, muito boa) a Praia de Porto de Galinhas.
A todo momento passava a mão no saco (bolsa a tiracolo de homem e de mulher) preocupado com pivetes.
Achou uma ponta (excitação sexual) os biquínis sumários existentes.
Comprou carne de borrego (carneiro novo) no talho (açougue) e levou para guardar no nosso frigorífico (geladeira é um termo completamente desconhecido lá).
Gostou do nosso andar (apartamento) por ser muito ventilado no sexto piso (andar).
Estranhou o ardina (jornaleiro) vendendo na véspera o jornal do dia seguinte (digamos que essa mania brasileira é, realmente, muito estranha!).
Se a propaganda da Caixa Econômica Federal fosse feita em Portugal seria:
"vem para a boceta (caixa) você também. Vem!". Essa palavra se usa com freqüência nos meios de comunicação, e o palavrão correspondente é crica ou cona.
Na farmácia, é comum se perguntar se vais "tomar a pica no cu", pois isso significa aplicar uma "injeção nas nádegas". Só se configura o palavrão se se disser "o olho do...".
Na padaria disse não gostar de "entrar no rabo da bicha para pegar o cacete" (entrar no fim da fila para pegar o pãozinho).
Falamos de tudo, desde a atuação dos estomatologistas (dentistas) brasileiros residentes em Portugal até sobre as propinas (taxas legais e honestas que os estudantes pagam nas universidades).
Estes são alguns casos interessantes.
Mesmo a "lógica portuguesa" é diferente da brasileira. E o que é isso, afinal?
Acontece que o povo português tem a estranha mania de levar tudo ao pé da letra. Tudo lá tem de ser bem claro, ao contrário de nós, brasileiros, que carregamos em nossas frases, em nossa maneira de expressão, uma certa comunicação implícita, que só nós, os PRÓPRIOS brasileiros, entendemos.
Quem deu um exemplo claro disso foi o escritor Mário Prata, que viveu algum tempo em Portugal. Em seu "Dicionário de Português de Portugal", ele dá um exemplo interessante disso: nós, brasileiros, quando queremos tomar um cafezinho num bar aqui no Brasil, entramos no bar e perguntamos ao atendente: "tem café?".
Se tiver, ele às vezes nem responde. Já vai logo servindo, pois já sabe que queremos café.
Em Portugal, no entanto, isso não acontece. Lá, se você perguntar ao atendente se tem café, ele, se tiver, somente vai responder que sim.
Não serve o café, pois, afinal, pela lógica dele, você só perguntou se tem café. Se você quiser tomar o café, tem de pedir a ele que sirva.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Músicas da minha infância - Bruce Springsteen - Dancing in the Dark

 
 Bruce Springsteen - Dancing in the Dark
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I get up in the evening
and I ain't got nothing to say
I come home in the morning
I go to bed feeling the same way
I ain't nothing but tired
Man I'm just tired and bored with myself
Hey there baby, I could use just a little help

You can't start a fire
You can't start a fire without a spark
This gun's for hire
even if we're just dancing in the dark

Message keeps getting clearer
radio's on and I'm moving 'round the place
I check my look in the mirror
I wanna change my clothes, my hair, my face
Man I ain't getting nowhere
I'm just living in a dump like this
There's something happening somewhere
baby I just know that there is

You can't start a fire
you can't start a fire without a spark
This gun's for hire
even if we're just dancing in the dark

You sit around getting older
there's a joke here somewhere and it's on me
I'll shake this world off my shoulders
come on baby this laugh's on me

Stay on the streets of this town
and they'll be carving you up alright
They say you gotta stay hungry
hey baby I'm just about starving tonight
I'm dying for some action
I'm sick of sitting 'round here trying to write this book
I need a love reaction
come on now baby gimme just one look

You can't start a fire sitting 'round crying over a broken heart
This gun's for hire
Even if we're just dancing in the dark
You can't start a fire worrying about your little world falling apart
This gun's for hire
Even if we're just dancing in the dark
Even if we're just dancing in the dark
Even if we're just dancing in the dark
Even if we're just dancing in the dark
Hey baby

*****
Não sei vocês, mas eu, quando criança, ouvia todos os vinis dos meus pais, de cabo a rabo. Conheço muito bem as músicas desse álbum do Bruce Springsteen. Quando eu tinha meus seis aninhos já curtia todo esse som, que pensando bem era adolescente e adulto. 

Hoje, na sessão ''to remember'', tentando relaxar de um retorno para casa confuso, penso na letra... nunca a tinha lido de verdade. E a letra não me decepcionou nem um pouco. Na verdade, vem a calhar com meus desejos de mudança. Estou precisando de uma mudança das boas, uma faxina geral, um deixa disso, um chacolhar das porcarias que me contaminaram.   

They say you gotta stay hungry
hey baby I'm just about starving tonight
I'm dying for some action 

I'll shake this world off my shoulders

Maybe dancing in the dark is beggining...
Kisses and hugs, I'm international tonight. 
See ya
Tânia

Tradução

Dançando No Escuro

Eu levanto ao anoitecer
E não tenho nada a dizer.
Eu chego em casa de manhã,
Vou para a cama me sentindo do mesmo jeito.
Eu estou apenas cansado
Cara, estou apenas cansado e aborrecido comigo mesmo.
Ei, aí baby, eu poderia aproveitar uma ajudazinha.

Você não pode começar um incêndio,
Você não pode começar um incêndio sem uma faísca.
Este pistoleiro é de aluguel,
Mesmo se estivermos apenas dançando no escuro.

A mensagem continua a ficar mais clara,
O rádio está ligado e estou me movendo pela casa.
Eu confiro minha aparência no espelho,
Eu quero mudar minhas roupas, meu cabelo, meu rosto.
Cara, eu não estou chegando a lugar nenhum,
apenas vivendo num monte de lixo como este.
Tem alguma coisa acontecendo em algum lugar,
Baby, eu simplesmente sei que tem...

Você não pode começar um incêndio...

Você senta por aí, ficando mais velho,
Tem uma piada aqui em algum lugar e é comigo.
Eu vou sacudir este mundo de cima dos meus ombros,
Vamos, baby, a risada é por minha conta.

Fique nas ruas desta cidade
E elas estarão entalhando você, tudo bem.
Eles dizem que você precisa continuar faminto,
Ei, baby, estou quase morrendo de fome esta noite.
Estou ansioso por um pouco de ação,
Estou enjoado de sentar por aí, tentando escrever
Este livro
Eu preciso de uma reação amorosa,
Vamos lá, agora, baby, me dê apenas uma olhada.

Você não pode começar um incêndio sentado por aí
chorando por causa de um coração quebrado.
Este pistoleiro é de aluguel,
Mesmo se estivermos apenas dançando no escuro.
Você não pode começar um incêndio
atormentando-se por causa do seu mundinho estar desabando.
Este pistoleiro é de aluguel,
Mesmo se estivermos apenas dançando no escuro...
Mesmo se estivermos apenas dançando no escuro




Linguagem do morro - João Nogueira

Esta é a outra música que conheci quando fui à Rádio UEM.
Letra bastante interessante.
Espero que gostem.
Abç
Tânia



Linguagem do morro - João Nogueira

Tudo lá no morro é diferente
Daquela gente não se pode duvidar
Começando pelo samba quente
Que até um inocente
Sabe o que é sambar
Outro fato muito importante
E também interessante
É a linguagem de lá
Baile lá no morro é fandango
Nome de carro é carango
Discussão é bafafá
Briga de uns e outros
Dizem que é burburim
Velório no morro é gurufim
Erro lá no morro chamam de vacilação
Grupo do cachorro em dinheiro é um cão
Papagaio é rádio

Grinfa é mulher
Nome de otário é Zé Mané (2x)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Salto sem rede - Carlos Heitor Cony

Parece que na net não se pode fazer uma crítica sem levar uma saraivada de ofensas. Coni tem razão. Em muitos espaços na net a linguagem é infantojuvenil, no mínimo.

De qualquer forma, muito interessante a visão que ele apresenta.
Espero que gostem do texto.
Abç
Tânia 



Rio de Janeiro – Irritado com os meus comentários sobre a linguagem infantojuvenil que ainda predomina na mídia eletrônica, um sujeito me desancou num e-mail em que me aconselha a jogar dominó e buraco, deixando o universo virtual para o povo eleito no qual ele se inclui.


Não tenho nada contra o dominó e o buraco, mas não sou vidrado nesses tipos de passatempo. Tampouco me emociono com o jogo de paciência que vejo muito cara fazendo nas salas de espera dos aeroportos, abrindo seus notebooks para que todos o admirem na função. Continuo achando que a informática vive sua pré-história, uma era jurássica sem articulação e, muitas vezes, sem qualquer outro sentido.


De qualquer forma, ela é irreversível e fatalmente encontrará sua linguagem, não será um mero serviço, mas um fator de enriquecimento humano e espiritual. Será útil para encomendar pizzas (que nos chegarão lerdas e frias), mas sua transcendência superará a atual contingência.


Outro dia, uma moça perguntou, por e-mail, se eu já tinha namorada virtual. Deixou no ar uma insinuação, quase se oferecendo, e eu quase aceitei. O universo virtual é mais concreto do que se supõe. Ele existe ao redor de nós, como um monstro ou um anjo, dependendo do lado pelo qual o abordamos.


O homem moderno foi condenado a ser manipulado pelo excesso de comunicação, a oferta maior do que a procura. O mundo virtual é um salto sem rede no espaço. Uma bobeira pode terminar em tragédia. Na semana passada, um homem de 23 anos invadiu um colégio em Realengo, aqui no Rio, matou mais de dez estudantes e feriu outros tantos. Era um introvertido, um psicopata que passava a maior parte de seu tempo tripulando uma nave absurda no espaço virtual. Um espaço de fantasia que não o fez mais feliz nem mais homem.

 fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1114562&tit=Salto-sem-rede-

domingo, 26 de junho de 2011

Palavra Cantada - Sandra Peres e Luiz Tatit

Quando fomos na rádio discutir o livro do MEC, o jornalista nos mostrou duas músicas. Eu não as conhecia.  Uma era essa:

Gramática - Palavra Cantada

Composição: Sandra Peres e Luiz Tatit
O substantivo
É o substituto do conteúdo

O adjetivo
É a nossa impressão sobre quase tudo

O diminutivo
É o que aperta o mundo
E deixa miúdo

O imperativo
É o que aperta os outros e deixa mudo

Um homem de letras
Dizendo idéias
Sempre se inflama

Um homem de idéias
Nem usa letras
Faz ideograma

Se altera as letras
E esconde o nome
Faz anagrama

Mas se mostro o nome
Com poucas letras
É um telegrama

Nosso verbo ser
É uma identidade
Mas sem projeto

E se temos verbo
Com objeto
É bem mais direto

No entanto falta
Ter um sujeito
Pra ter afeto

Mas se é um sujeito
Que se sujeita
Ainda é objeto

Todo barbarismo
É o português
Que se repeliu

O neologismo
É uma palavra
Que não se ouviu

Já o idiotismo
É tudo que a língua
Não traduziu

Mas tem idiotismo
Também na fala
De um imbecil


Gostei.
Abç
Ótimo domingo