segunda-feira, 16 de abril de 2012


Augusto Frederico Schmidt
Inveja dos que desejam pertencer à Academia de Letras,
Dos que amam as honrarias.
Dos incansáveis.
Dos que adormecem sem medo.
E despertam sempre dispostos para a conquista do mundo.

Inveja dos que caminham firmes,
Como se o chão fosse sólido.
Como se tudo estivesse certo e ordenado.
Inveja dos que não se lembram de que só há um destino.
E que estamos suspensos sobre o abismo.
Inveja dos seres para quem a esperança
Não é uma fragil ponte sobre o nada.

Inveja dos que não carregam sempre e interminavelmente,
Por onde vão e em todas as horas,
O fardo de seus mortos.
Inveja dos que não guardam
As imagens perdidas, as folhas secas,
A poeira da vida.
E sacodem qualquer melancolia e avançam leves e contentes.
Inveja dos que podem recordar sorrindo
As alegrias efêmeras.
E não se dão conta de que o amargo
Delimita e bordeja todos os caminhos.

Inveja dos que contemplam, impassíveis,
As flores murchas, os berços vazios,
As mão frias em cruz,
Os rostos devastados pelo tempo,
E o tédio dos que se amaram um dia.

***


Muito, muito tempo de ausência. Acabo de comentar no twitter que ando não blogando e eis que encontro um texto que desejo compartilhar. Eu que ando com um milhão de perguntas, sem o GPS da vida, só um mapinha e andando, andando por aí.

O texto abaixo foi retirado desse site > http://www.literaturaemfoco.com < que aproveito para indicar.
Esse tipo de inveja eu tenho. Inveja da aparente paz dessas pessoas com suas montanhas de certezas.
Pois as minhas incertezas só se avolumam.

Espero que gostem.
Abç
Tânia
***

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