sexta-feira, 24 de junho de 2011

Leitura de feriado - 'Precious' na sala de espera do aeroporto




Ontem, dia 23 de junho, feriadão, enquanto esperava no aeroporto, não resisti à livraria. Acabei comprando dois livros que viraram filme. O primeiro que me chamou atenção na gôndola foi Preciosa, de Sapphire. A segunda aquisição foi O Leitor, de Bernhard Schlink. Assisti ao filme do segundo, ainda quero conferir o filme do primeiro.

Como no site do submarino não consta a resenha do livro Preciosahttp://www.submarino.com.br/produto/1/21785563/preciosa, transcrevo aqui o texto da capa.

"Adolescente do Harlem Claireece Precious Jones é obesa, analfabeta e está grávida pela segunda vez do próprio pai. Vítima de constantes abusos físicos e psicológicos por parte da mãe, alimenta a esperança de melhorar sua vida e a da filha. O encontro com uma professora batalhadora a apresentará a um mundo novo, no qual poderá expressar seus sentimentos e recuperar a voz e a dignidade. Uma história de luta, coragem e redenção". 

Agora reproduzo um trecho, chamemos de teaser, para provocá-lo a ler o livro. Como é uma cena de sala me aula, me flagrei dando risada na sala de espera. A maluca!

"A gente não tem lugar fixo na sala do Sr. Wicher, cada um pode sentar onde quiser. Eu sento na mesma carteira todo dia, no fundo, na última fila, perto da porta. Mesmo sabendo que a porta de trás fica trancada. Não falo nada de nada. Ele não fala comigo, agora. No primeiro dia ele falou:
- Turma, abram o livro na página 122, por favor.
Não me mexi. Ele disse:
-Srta. Jones, eu disse para abrir o livro na página 122.
E eu disse: 
- Filho da puta, não sô surda!
A turma toda caiu na gargalhada. ele ficou vermelho. Bateu a mão com força no livro e disse:
- Tente ter um pouco de disciplina.
Ele é m branco nanico e magricela, deve ter tipo 1,60m. Um branquelo xexelento, como diria minha mãe. Olhei para ele e disse:
- Eu também sei bater. Cê quer bater? - Aí peguei meu livro e bati com força. A turma riu mais um pouco. 
Ele disse: 
- Srta. Jnes, eu agradeceria se saísse da sala AGORA. 
E eu disse: 
- Não vô pra porra de lugar nenhum até a campanhia tocar. Vim aqui pra aprender matemática e você vai me ensinar. - Ele parecia uma cachorra que acabou de ser atropelada por um trem. Não sabia o que fazer. Ele tentou recuperar a pose, bancar o maneiro, disse: 
- Bom, se quer aprender, acalme-se.
Falei: 
- Eu tô calma. 
Ele disse:
- Se quer aprender, cale a boca e abra o livro. 
O rosto dele tava vermelho, ele tava tremendo. Eu dei pra trás. Ganhei briga. Acho.
Eu não queria prejudicar ele nem deixar ele sem graça daquele jeito, sae. Mas não podia deixar ele saber, que a página 122 era igual à página 152, 22, 3, 6, 5 - todas as página era igual pra mim". 

*****

Existe bastante para ser comentado. Gostei muito da tradução de Alves Calado, que recriou perfeitamente em português, a linguagem da personagem analfabeta. 

A personagem principal, gorda, negra e analfabeta, tem lá seus preconceitos também contra brancos, chicanos, lésbicas, entre outros. Mas quando você analisa todo o contexto de exclusão, as condições de humilhação e abuso sexual em casa, você vê que é apenas uma criança grande ou uma criança crescida. 

Aprecio livros e filmes que contam histórias de escolas, alunos e situações em sala de aula. Se estudar para alguns é algo chato, para outros torna-se um verdadeiro desafio. 

Conflito em sala de aula sempre existe. O interessante nesse trecho é que o professor pode interpretar a falta de ação de Precious como preguiça. Mas logo sabemos que ela está tentando se proteger, uma vez que não consegue reconhecer os números e as letras. Só achei um tanto incoerente porque ela diz recorrentemente que é boa em matemática e depois uma professora (na tentativa de trazê-la de volta para escola) afirma que o professor de matemática também falou que ela é boa em matemática. Como, se não é capaz de reconhecer os números?     

Apesar desse pequeno estranhamento, estou na metade do livro, de narrativa rápida e envolvente. Sei que a professora Blue Rain ajudará Precious e externar seus sentimentos e assim provocará uma mudança na vida dessa personagem. Estou gostando bastante e na expectativa do desenrolar da história.

Recomendo.

******

 
Obs: Adorei o filme O Leitor. Já postei sobre ele há algum tempo: http://leitorvelhonavegador.blogspot.com/2009/12/filme-o-leitor.html Creio que depois de ler o livro, vai me dar algum comichão de comentar algo mais.
Keep blogging, keep reading.
Grande abraço
Tânia        
     


   

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