sexta-feira, 24 de setembro de 2010

How to carry your books / Como carregar os seus livros

No post de hoje eu trago um vídeo de uma série do youtube que eu curto muito chama Tales of mere existense, em português mal traduzido por mim algo como Histórias da mera existência.

How to carry your books ou Como carregar os seus livros retrata o dilema do personagem ao tentar encontrar um modo ''descolado'' de carregar os livros.

Começa com a primeira sacola para carregá-los, que ele ganhou da mãe, e a garotada disse que parecia uma bolsa, portanto, encheram-no de apelidos. Depois, há a questão que... se carrega poucos livros, parece não interessado em estudar... Se carrega muitos, pode ser entendido como pretexto para mostrar os músculos.

Ele segue na tentativa de andar e portar livros de uma forma descolada. Primeiro, com os livros em uma mão apenas, ele se tornou alvo para derrubarem os livros. Depois, ele tentou distribuí-los nos dois braços e se tornou alvo mais fácil para derrubarem. Para se proteger disso, começa a abraçar os livros, o que intensifica o bullying. 

O irmão mais velho sugere que ele use um carrinho, mas aquilo seria nerd demais. Quando ele estava desistindo, decidiu usar uma mochila nos ombros, o que tornou muito fácil o ato de agarrá-lo para chutar sua bunda. Por fim, quando decidiu usar uma mochila em um ombro só, o detalhe era que toda a escola usava dessa maneira. Vida difícil. rsrs. Risadas deliciosas assim como os outros temas da série.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Memorizei para recitar em concurso na escola - aos 15


Erro


Erro é teu. Amei-te um dia

Com esse amor passageiro

Que nasce na fantasia

E não chega ao coração;

Nem foi amor, foi apenas

Uma ligeira impressão;

Um querer indiferente,

Em tua presença, vivo,

Morto, se estavas ausente,

E se ora me vês esquivo,

Se, como outrora, não vês

Meus incensos de poeta

Ir eu queimar a teus pés,

É que, - como obra de um dia,

Passou-me essa fantasia.

Para eu amar-te devias

Outra ser e não como eras.

Tuas frívolas quimeras,

Teu vão amor de ti mesma,

Essa pêndula gelada

Que chamavas coração

Eram bem fracos liames

Para que a alma enamorada

Me conseguissem prender;

Foram baldados tentames,

Saiu contra ti o azar,

E embora pouca, perdeste

A glória de me arrastar

Ao teu carro... Vãs quimeras!

Para eu te amar-te devias

Outra ser e não como eras.

Machado de Assis

MEU TRECHO FAVORITO DE ''VIDAS SECAS'', DE GRACILIANO RAMOS

Quem leu Vidas Secas, de Graciliano Ramos, provavelmente se lembra de passagens diversas, porque a leitura nos marca de forma diferente. 
Eu me lembro muito bem do problema para se expressar do personagem Fabiano, que acabou levando-o à cadeia. Lembro também do menino que pergunta a mãe o que é inferno. 
Eu gostei do livro e este foi um dos trechos que mais me marcaram, pelo inesperado da reação da cachorra, eu ri demais:


"Acocorada junto às pedras que serviam de trempe, a saia de ramagens entalada entre as coxas, sinha Vitória soprava o fogo. Uma nuvem de cinza voou dos tições e cobriu-lhe a cara, a fumaça inundou-lhe os olhos, o rosário de contas brancas e azuis desprendeu-se do cabeção e bateu na panela. Sinha Vitória limpou as lágrimas com as costas das mãos, encarquilhou as pálpebras, meteu o rosário no seio e continuou a soprar com vontade, enchendo muito as bochechas.
Labaredas lamberam as achas de angico, esmoreceram, tornaram a levantar-se e espalharam-se entre as pedras. Sinha Vitória aprumou o espinhaço e agitou o abano. Uma chuva de faíscas mergulhou num banho luminoso a cachorra Baleia, que se enroscava no calor e cochilava embalada pelas emanações da comida.
Sentindo a deslocação do ar e a crepitação dos gravetos, Baleia despertou, retirou-se prudentemente, receosa de sapecar o pêlo, e ficou observando maravilhada as estrelinhas vermelhas que se apagavam antes de tocar o chão. Aprovou com um movimento a cauda aquele fenômeno e desejou expressar a sua admiração à dona. Chegou-se a ela em saltos curtos, ofegando, ergueu-se a ela em saltos curtos, ofegando, ergueu-se nas pernas traseiras, imitando gente. Mas sinhá Vitória não queria saber de elogios.
- Arreda!
Deu um pontapé na cachorra, que se afastou humilhada e com sentimentos de revolucionários. (RAMOS, Graciliano, Vidas Secas, Rio,São Paulo: Record, 1999, p.39)

E você, qual o seu trecho preferido?